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Okaeri-nasai! Semanalmente publicado cada capítulo. No lado direito se encontra a relação dos capítulos, lembrando que o da página inicial é o último postado. Be my guest and enjoy it!


Allan passava pela porta preocupado. Quando seus serviços eram solicitados como Eoin, ele se desgastava para manter seu trabalho também como Allan. Como não queria levantar suspeitas, sempre manteve suas despesas e propriedades exatamente dentro dos padrões de vida dados pelo detetive Allan. Até então, sempre evitou usar o dinheiro recebido pelos trabalhos feitos como Eoin. E isso não era nada fácil.

Aina observava-o passar pela porta preocupada. Depois de tantas análises, imaginava seu chefe quase que automaticamente dizendo “investigarei este aqui agora mesmo!”, dando continuidade ao imediato progresso que o acompanhou em poucos minutos. A secretária juntava isso ao fato de que, fora deste caso, era muito raro Allan encarnar Eoin sem uma idéia de por onde começar. Em contrapartida, Aina valorizava o detetive já ter feito sua escolha quanto a buscar pelas pessoas antes da sede inicialmente solicitada, pois isso já a deixava mais segura.

O escritório de Allan era extremamente simples e conhecido por ínfimos casos que não eram tão bem remunerados quanto a maioria dos detetives locais. Porém, pelo fato de serem mais baratos, seus serviços eram constantemente solicitados, o que fazia Allan se desdobrar para atender seus clientes enquanto Eoin investigava algo grande. Como que para complicar mais, seu talento para solucionar casos culminava em sucesso na finalização de todas suas solicitações, o que acabava por fazê-lo mais requisitado além de seu preço sedutor. Mas essa não era sua preocupação principal.

- Será que a ordem dessas pessoas influencia alguma coisa? – Pensava consigo mesmo enquanto o elevador descia.

Cinco minutos depois voltou ao escritório, com uma sacola na mão. A secretária, como bem o conhecia, aproveitou para perguntar:

- O que você foi comprar?

- Um mapa. – Allan nem a olhou, já abria o papel e pegava uma caneta.

- Mas aqui temos mapas...

- Eu quero rabiscá-lo e tenho dó de fazê-lo com nossos bons mapas. – O detetive ainda não a olhava enquanto respondia.

- Não poderia fazê-lo no computador?

- Fica mais fácil se eu o fizer com caneta do que com um mouse... – Allan justificava, enquanto pegava uma régua. – Considere também que quero manuseá-lo em minhas viagens, algo mais fácil que um notebook...

- Você comprou só um mapa? – Aina, há algum tempo, já havia iniciado seu interrogatório básico para respostas de seu chefe quando este a tratava com o olhar vago.

- Aproveitei e comprei um pacote de cigarros para deixar aqui de reserva...

- Eu sabia! – Era uma mãe calma repreendendo uma criança – Experimente um pacote de balas de nicotina, elas estão na moda.

- E quem disse que eu gosto de moda? Eu gosto é de cigarros!

A resposta arrancou risos da secretária e um sorriso no rosto do detetive que agora procurava algo pela internet, em seu computador. Allan aproveitou para acender um terceiro cigarro desde que entrou no escritório e, em seguida, circulou algumas cidades e fez riscos no novo mapa, interligando-as. Ficou um minuto observando e se decidiu:

- Aina... irei para São Paulo primeiramente.

A secretária puxou sua memória sobre o e-mail e logo depois perguntou:

- É a autista, certo?

- Não.

Aina ficou sem entender seu chefe novamente, como já havia ficado por vezes nos últimos minutos. Pensou sobre os envolvidos e tinha certeza de que nenhum deles, além de Aika, estavam situados em São Paulo. Juntou isso a uma possibilidade e já questionou Allan prontamente:

- Mudou de idéia sobre procurar as pessoas primeiramente e irá para a sede do cadastro?

- Também não.

- Quero um recesso de dez dias!

- Hein? Por qual razão?? – Allan quase deixou as cinzas caírem em sua mesa com a surpresa.

- Secretárias cujos chefes são loucos deveriam ser amparadas por algum tipo de lei trabalhista que as permitissem ter, bimestralmente pelo menos, uma folga de dez dias para nos recuperarmos de tal insanidade. Deveria ser o parágrafo primeiro! – A estudante de direito parecia redigir um tratado enquanto Allan se permitia risadas de fechar os olhos:

- Calma, calma. Veja esse mapa aqui e talvez compreenda. Mas é um palpite difícil mesmo... – Allan entregava o papel que havia riscado há pouco.

- Se eu acertar, quero meus dez dias, pode ser?

- E por qual razão não? Haha! – O trato foi selado ao passo que o detetive amassava seu vício no cinzeiro.

Aina, então, recebeu o mapa em mãos e verificou que os traços não haviam sido feitos em vão. Nele continham quatro triângulos, sendo um maior e outros três menores dentro do primeiro. Não demorou a perceber que os três extremos do triângulo maior eram cidades relacionadas às pessoas da lista: Lión, Cidade do México e São Paulo. Havia um outro ponto que completava as cidades informadas: Belo Horizonte. Tal referência, por conseqüência, criava outros três triângulos menores que não faziam intersecção entre si.

A secretária pensou em algumas possibilidades, mas não matou a charada que seu chefe lhe pregara. Allan percebeu a incerteza que nela se fez visível e resolveu ajudá-la, dando uma dica:

- Já reparou as cidades, não é? Quem eu encontrarei em cada uma?

- Deixe-me ver... em Lión o rapaz viciado, em Sampa a menina autis... – a razão veio em um estalo mais rápido que uma sílaba para Aina – ok, já entendi, não tem nenhuma referência para o hacker!

Allan expressava novamente aquele sorriso de orgulho por ter a secretária que tinha:

- Agora você já sabe por qual razão irei para São Paulo!

- Sim... – Aina nada parecia satisfeita com o retorno de seu chefe, expondo suas dúvidas:

- Só não entendi como você chegou a esta conclusão... Por que São Paulo e não Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou Lión?

Allan retornou com seu sorriso desafiador enquanto passava a mão em seu maço de cigarros:

- Ham? Você acha que eu ofereceria 10 dias de folga por algo fácil?