Ele simplesmente não compreendia as coisas. Sentado num banco de praça, sob a neve que começava a dar seus primeiros sinais de aparição, ele acendia um cigarro. Não parecia se incomodar com o frio que assolava a todos os que passavam por lá. Sua camisa de manga curta em seus braços abertos era a prova disso. Já divagava pensamentos na primeira tragada, com seus olhos semicerrados:
- O que as pessoas fazem... por qual razão as pessoas o fazem...?
E com o mesmo olhar desolado, simplesmente olhava para as pessoas que por ele passavam. Elas nem ao menos notavam aquele homem cruzando suas pernas e se acomodando no banco:
- Até que ponto as pessoas têm consciência de seus atos, por mais irrisórios que sejam...?
E olhava de um lado para o outro, atentando-se nas crianças agasalhadas, sorridentes, sem rostos definidos e que buscavam aquela sensação de proteção na condução dada pelas mãos dos pais. Pais que também iam e vinham sem seus rostos:
- O que leva as pessoas a continuarem em tais rotinas sem nem mesmo questionar uma realidade tão gritante?
E soltava para cima o ar carregado de fumaça, cruzando seus braços sob a cabeça. Acompanhava a fumaça com os olhos, quando de repente se perde na imensidão branca do céu nublado.
- Elas parecem simplesmente... formigas...