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Okaeri-nasai! Semanalmente publicado cada capítulo. No lado direito se encontra a relação dos capítulos, lembrando que o da página inicial é o último postado. Be my guest and enjoy it!


- Meu Deus! – Aina não conseguiu conter sua surpresa ao ler e repetir em voz alta o trecho circulado pelo seu chefe. – “...investigar determinado setor do governo...”?

- Sim. Entende a razão de não ser diretamente? – Allan pegou mais uma caneca de café – Só alguém do alto escalão conseguiria tal informação, mas este aí está acima deles de alguma forma... ou ele conseguiu essa informação ao investigá-los, ou obteve essa informação do modo mais complicado...

- Indo atrás de você a partir de uma investigação particular? – Aina não estava muito preocupada, fazendo ironia da possibilidade. – Mas isso seria impossível, pois você nunca foi descoberto...

- Mas o dinheiro que eu recebo, como todas as pessoas também o recebem, tem notas numeradas – mesmo que não sejam seqüenciais. Um depósito e pronto... eu não seria diretamente descoberto neste primeiro momento, mas não seria impossível me encontrar com o passar da investigação... e embora pareça complicado, por ser uma investigação sobre o pessoal do governo, seria uma maneira de viabilizá-la... independente da situação, só alguém do governo de altíssima patente conseguiria algo tão exorbitante, mesmo que não consiga imaginar tal ação sem o conhecimento do alto escalão... e certamente não é o pessoal que costuma nos contatar...

Aina já parecia mais calma, pegando um pouco de café para si e se sentando na sua cadeira novamente:

- O fato de ser do governo me alivia, certamente! Isso significa que você não corre nenhum risco de vida.

Allan apagava seu segundo cigarro no final enquanto Aina provava do próprio café e se contorcia numa careta.

- Falta açúcar nessa porcaria! E está forte demais! Por Deus, como você consegue tomar algo assim e ainda elogiar?

- Eu realmente gosto. – Allan tinha um sorriso sincero no rosto.

Enquanto colocava açúcar e água em seu café, a secretária novamente ficou séria:

- Allan...

- Sim?

- Você realmente pegará esse serviço?

- Pretendo. O que foi? Você está com um cara...

- Acabei de pensar... geralmente quando o caso é como Eoin, tudo corre bem, você é sigiloso e sempre ficamos bem com o governo. Seja porque são confiáveis ou pelo fato de sempre termos certeza que seremos pagos e... bem...

- Lá vem... – Allan parecia saber o sermão que viria. Aina, porém, continuou seu discurso:

- Desta vez é uma pessoa desconhecida e que quer que investiguemos logo nosso principal cliente. Isso pode não só te prejudicar, mas também colocar sua vida em risco. Pensando bem, não é como se você não corresse riscos... mas talvez desta vez corra muito mais... – Aina apertava a caneca com as duas mãos.

Allan não gostava de ouvir logo a única pessoa com quem convivia se preocupando com ele. O detetive, por outro lado, não conseguia deixar de ver certo charme na bela e jovem secretária quando esta se mostrava preocupada e olhando pra baixo com uma feição triste:

- Relaxe, Aina. Se por um lado a situação parece complicada, por outro a pessoa que está nos contratando está acima disso e apenas não pode se envolver pessoalmente. Estamos em vantagem, já que ele está um passo à frente deles. E eu também gosto da idéia de descobrir se há algo errado com aqueles que estão próximos aos meus clientes, pois não gosto de ser utilizado como marionete por criminosos. – Allan estava sério quanto esta meta. E ainda argumentava:

– Leia o final do e-mail novamente... o setor a ser investigado é o de cadastro, não é um setor com o qual temos envolvimento...

- Eu li... – A secretária ainda estava preocupada, embora mais satisfeita com o sabor de seu novo café. – Mas se uma pessoa de tão alto nível está preocupada com esse setor, certamente não é tão simples quanto aparenta. Além do mais, o que são essas instruções? Parece uma piada em códigos...

É verdade... – Allan não deixou de concordar com ela, olhando para a janela. As inteligentes observações de Aina nunca deixaram de ser fundamentais ao raciocínio do detetive. Para o que ele não pensava, lá estava sua parceira para então alertá-lo. E para o detetive, Allan era um, mas Eoin certamente era o conjunto do raciocínio dele e de Aina. Mas insistiu:

- Mesmo assim, acho o caso interessante. Será complicado investigar o próprio governo, mas gosto dessa dificuldade. Não será possível, por outro lado, uma investigação oficial sobre o caso, pois seria como espantar quaisquer evidências e sair gritando na rua minhas ações contra uma entidade de poder reconhecida por todos. Ninguém melhor que Eoin para fazê-lo, portanto... – O detetive falava com um sorriso de satisfação e tranqüilidade, enquanto olhava nos olhos de Aina.

- Ah, seu metido! – A secretária brincava tranqüila novamente, ao ver a convicção de Allan ao falar daquele jeito. – Como se você fosse o melhor do mundo... e eu aqui, me preocupando com um super-ego lustrado!

Aina sabia, mais do que qualquer pessoa, que quando seu chefe fazia aquela cara significava somente uma coisa: um caso futuramente resolvido. Allan nunca deixou de resolver algum caso aceito (não importando quão complicado fosse), sempre apresentando provas indubitáveis. E, para todos, sempre os aceitou com aquele sorriso, numa mescla da sensação de desafio e de dever. Por outro lado, nunca arrancou elogios de sua secretária, embora ela sempre os guardasse para si:

- Onde eu estava com a cabeça quando vim trabalhar para um louco como você? – Aina se divertia em ironias, descontraída.

- No vício ao trabalho, talvez? – Ambos riam despreocupadamente. – Bom, é hora de ir ao trabalho então. – Allan já pegava alguns objetos quando sua secretária perguntou:

- O que fará primeiro, Allan? Planeja algo antes de ir à São Paulo?

- Bom... entrarei em contato com as pessoas solicitadas no e-mail. – Disse enquanto tomava o último gole de café.

- As pessoas? – Aina se assustou. Pelo que lera no e-mail, foi solicitado que primeiramente se investigasse o sistema do governo responsável por cadastro. Até aí, tudo bem para ela. O que ela achou uma piada com códigos foi a solicitação seguinte: procurar por um mendigo, um hacker, um drogado, um louco e uma altista, com seus nomes e endereços mais recentes já especificados. Se não fosse pelo depósito e pelo fato de ser solicitado como Eoin, a secretária teria concluído o e-mail ser uma péssima piada de mau gosto. Assim, tentou argumentar com Allan:

- Não seria melhor começar investigando diretamente o setor? Não foi a idéia do próprio cliente?

- Não. – O detetive era pura calma. – Preciso saber o melhor método a partir do qual investigarei o tal setor de cadastro. E algo me diz que só conseguirei ter sucesso na investigação quando entrar em contato com cada uma dessas pessoas. É como você mesma disse, – o detetive apontava a folha de papel impressa – isto é um conjunto de códigos.

- Ele ficou louco! – Novamente Aina falava como que para si, levando sua caneca de café e a de Allan para a pia. – Eu vou pedir demissão. Ah, eu vou...

- Ei, não tire onda com minha cara como se eu fosse um demente! – Allan respondia, fingindo estar irritado.

O relacionamento dos dois era uma mescla de três hábitos: partilhar raciocínios rápidos, se preocupar afetuosamente entre si e ironizar seus comportamentos por vezes inexplicáveis. Allan retornou a conversa ao ponto sério, mesmo que com um sorriso no rosto.

- Você ainda não percebeu, não é?

- Perceber o quê? – Havia um ponto de interrogação na cabeça da secretária neste momento.

- Sem estas pessoas, eu não seria capaz de fazer meu trabalho.

- E como isso seria possível? – Aina naturalmente discordava da contribuição de tais pessoas no processo investigativo de Allan. Porém, o detetive estava um passo à frente de sua secretária ao menos dessa vez:

- Reparou que elas têm relação entre si?